Transcrição do áudio inserido no QR Code 

 

Ao andar pelo segundo piso do Instituto, você já teve a curiosidade de olhar, por cima do parapeito, o chão do piso inferior? Se sim, percebeu o reflexo do relâmpago no chão. 
Isso me fez pensar sobre os desdobramentos da obra de arte dentro do espaço expositivo. Percebi o quanto o reflexo do relâmpago exemplifica essa relação da obra de arte com o espaço onde ela está exposta.  O reflexo do relâmpago abrange quase todas as superfícies a sua volta. Ele toma conta do espaço ao seu redor e se espalha pelas paredes e vidros. Controlá-lo é uma tarefa quase impossível. Provavelmente, os artistas expostos ali não autorizaram a intervenção do relâmpago em suas obras e não poderia ser diferente. 
Pensando sobre a autonomia da obra de arte, a grande porta na frente do Instituto, onde também se percebe o reflexo do relâmpago, separa a comunicação entre o que está dentro do espaço do museu e o que está do lado de fora, as ruas, as casas e outros museus. 
Você já foi ao MARP? Museu de Arte de Ribeirão Preto. 
Vá até lá. Observe no caminho, os reflexos nos vidros e espelhos, as intervenções que vão acontecendo com sutileza, ficando quase impercebíveis aos olhares rápidos e desatentos, ao entrar no museu repare na grande porta atrás de você. 

*Relâmpago refere-se a obra de Leandro Lima e Gisela Motta